sábado, 6 de fevereiro de 2010

Utopia da Comunicação

O conjunto das esferas da nossa experiência da ciência à arte, passando pela política, pelo amor, pela linguagem, pela própria religião, tende hoje a ser explorado por um vasto conjunto de saberes, práticas e instituições, em termos de "comunicação".
“Comunicar” tornou-se, em todas os domínios da nossa actividade, um verdadeiro imperativo categórico.
Tornámo-nos parte de um verdadeiro "dispositivo comunicacional"que transforma todos os nossos comportamentos em comunicação, torna transparentes os nossos gestos mais íntimos, encara como uma "doença" toda a recusa, afinal frustrada, à comunicação.
Porque é que a comunicação assumiu hoje uma tal importância teórica e prática? Porque é que a comunicação tende a ser apresentada como a solução de todos os problemas, individuais e colectivos, das sociedades actuais?
Uma parte substancial da resposta a estas perguntas situa-se na “utopia da comunicação”que emerge, no Ocidente, após a II Guerra Mundial. Com ela foi colocado, na “comunicação”, todo um conjunto de esperanças até aí depositadas na política ou, mesmo, na religião. Será que essa “fé na comunicação” se encontra plenamente satisfeita naquilo a que se tem vindo a chamar a “sociedade da comunicação”? Ou será que e, mais uma vez, como todas as utopias teremos de confessar, como More no final da sua Utopia, que “há, na república da Utopia, muitas coisas que eu desejaria para os nosso países, embora o meu anseio ultrapasse a esperança de o conseguir”?

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Os docentes e as TIC

Para uma eficaz integração das TIC no sistema educativo, além de uma adequada formação de professores, terá de haver uma transformação da atitude dos professores. Esta transformação vai exigir que os professores reconheçam que já não são os detentores da transmissão de saberes e aceitem que as novas gerações têm outros modos de aprendizagem, baseados em estruturas não lineares, completamente diferentes da estrutura sequencial em que assentam os saberes livrescos tradicionais. Mais do que um transmissor de saberes, o professor será um facilitador de aprendizagens, um mediador de saberes, praticando uma pedagogia activa centrada no aluno e terá um papel decisivo na construção do cidadão crítico e activo.

Como foi referido por Geneviève Jacquinot relativamente aos média, as TIC “só podem servir de fonte de acesso ao conhecimento se forem integradas, dentro ou fora da escola, no quadro de um projecto ou de uma metodologia. (…) É urgente definir uma nova função da escola na sociedade actual. A questão mais importante é a de saber como vamos fazer uma educação democrática para todos ou, pelo menos, para uma maioria. (…) Devemos construir um discurso sobre a nova função da escola na sociedade tecnológica e criar práticas novas. Uma educação para os media bem controlada, exigente, pode ajudar-nos muito nessa tarefa (Jacquinot, 1995)”.

As TIC no Ensino

A educação para os media” está intimamente ligada à integração das TIC na educação.
Com a enorme influência das TIC sobre os meios de produção e comunicação, a escola precisa absolutamente de as integrar se não quer ficar definitivamente isolada. As TIC são ferramentas de ensino e, como tal, tanto podem ser usadas para novas práticas pedagógicas baseadas nas pedagogias activas, centradas no aluno, como podem servir apenas para transmitir conhecimentos, seguindo um modelo tradicional, em que o professor e os conteúdos programáticos ocupam o centro do processo educativo.

Como diz Jacques Tardif, “o desenvolvimento exponencial das TIC, assim como a sua força, impedirão que a escola as trate com ligeireza e duma maneira superficial, exigindo reflexões sérias sobre as modalidades e o grau de integração (Tardif, 1998)”.

As práticas pedagógicas que utilizam as TIC duma forma planeada e sistemática permitem:

- o desenvolvimento de uma competência de trabalho em autonomia (fundamental ao longo da vida), já que os alunos podem dispor, desde muito novos, de uma enorme variedade de ferramentas de investigação. “Se é verdade que nenhuma tecnologia poderá jamais transformar a realidade do sistema educativo, as tecnologias de informação e comunicação trazem dentro de si uma nova possibilidade: a de poder confiar realmente a todos os alunos a responsabilidade das suas aprendizagens (Carrier, J.-P., 1998)” (5) .

- um acesso à informação com rapidez e facilidade (um dos seus principais trunfos);

- uma prática de confrontação, verificação, organização, selecção e estruturação, já que as informações não estão apenas numa fonte. As inúmeras informações disponíveis não significarão nada se o utilizador não for capaz de as verificar e de as confrontar para depois as seleccionar. A recolha de informações sem limite pode muito bem provocar apenas uma simples acumulação de saberes.

- o desenvolvimento das competências de análise e de reflexão.

- a abertura ao mundo e disponibilidade para conhecer e compreender outras culturas;

- a organização do seu pensamento;

- o trabalho em simultâneo com um ou mais colegas situados em diferentes pontos do planeta.

- a criação de sites (em colaboração com os colegas e professores da sua ou de outras escolas), a qual vai permitir que os alunos realizem:

- um trabalho de estruturação das suas ideias;

- uma organização espacial;

- uma apresentação com cuidados estéticos;

- um trabalho de descrição e apresentação que proporcionará uma pesquisa histórica, geográfica e cultural sobre a escola, o local e a região onde habitam e estudam;

- um registo de sons e imagens (fotografia e vídeo);

- uma tradução em várias línguas.

Áudio e Vídeo

A comunicação